Fundação Ângelo Bozzetto: transformando sonhos em energia social
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Um projeto criado em 2008 tem incentivado mais de 350 crianças de cidades da Quarta Colônia a participarem de atividades culturais e esportivas gratuitas no turno inverso às aulas. Idealizado por uma empresária local, a Fundação Ângelo Bozzetto promove aulas de balé, técnica circense, caratê, jazz, capoeira, percussão e dança afro para crianças e adolescentes a partir de 4 anos.
OS NÚCLEOS
Conheça os principais projetos em andamento em cada cidade:
z Faxinal do Soturno: balé, tarantela, técnica circense e caratê - 120 crianças
z Silveira Martins: técnica circense e jazz - 90 crianças
z Nova Palma: capoeira e técnica circense - 110 crianças
z Restinga Sêca (localidade quilombola São Miguel): oficinas de percussão e dança afro - 35 crianças
PROJETOS ANUAIS
A Fundação realiza eventos em parceria com as prefeituras
z Feira do Livro em Faxinal do Soturno - instituída em 2011, a Feira acontece durante a Exposição Feira Agroindustrial e Comercial de Faxinal do Soturno (ExpoFax). Foi idealizado para disseminar o hábito da leitura entre os alunos. Além de encontros entre autores e leitores, oferece espetáculos teatrais, sessões de autógrafos e apresentações de dança com alunos assistidos pela Fundação
z Natal Iluminado da Quarta Colônia - desde 2005, o evento integra o calendário cultural turístico da região no final de ano. Combina dança, teatro, técnicas circenses e desfile de carros alegóricos em clima de magia. É uma oportunidade para mostrar o talento dos alunos e professores que participam dos projetos sociais da Fundação
Dança como movimento de expressão
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id: 1160160 (foto com a professora)
- Meu sonho é ser bailarina.
A frase é da menina Maria Júlia de Lima Mariotto, de 8 anos, mas poderia ser de qualquer uma das cerca de 88 crianças atendidas pelo projeto Expressando Arte da Fundação Ângelo Bozzetto. Em uma sala espelhada na sede da fundação, em Faxinal do Soturno, duas vezes por semana elas calçam as sapatilhas e, de coque no cabelo e sorriso no rosto, fazem muito mais do que apenas dançar balé.
- Aqui as crianças ampliam a visão de que viver na comunidade não é só aquele mundinho. Que eles tenham a oportunidade de fazer algo fora, de crescer e conhecer outros lugares. Com o balé isso é bem possível - afirmou a professora Marília Guimarães Mello, responsável pelas aulas.
Maria Júlia, que tem o sonho de ser bailarina, conquistou no ano passado dois importantes prêmios regionais: o 1º lugar no Viva Dança Quarta Colônia e a 2ª posição no Santa Maria em Dança na categoria individual infantil livre, com a coreografia "Baú do Sonhos". Além desses, na estante localizada na sala de dança, é possível contar mais de 20 prêmios conquistados pelo grupo.
- Nosso objetivo principal é ofertar cultura às crianças. Que elas tenham uma atividade para se ocupar quando não estão em aula. E, com isso, claro, queremos fazer elas se apaixonarem pelo balé. Esse ano, uma aluna nossa entrou no curso de Dança da UFSM. Isso nos inspira a continuar. Temos tantas meninas aqui que sonham em ser bailarinas, espero que elas continuem cultivando esse sonho e consigam alcançá-lo - destaca Marília.
E brilho no olhar de uma criança é sinônimo de esperança para os pais. Mãe de Matsya, de 6 anos, a professora Alexandra Marchesan traz a filha e uma sobrinha duas vezes por semana de Nova Palma para os ensaios. Ela vê no balé muito mais do que uma maneira de manter a filha ocupados, em movimento, fazendo uma atividade física.
- É incrível a oportunidade que essas crianças têm. A Matsya se desenvolveu muito no período que esteve aqui. Ela era muito tímida, agora se solta mais. Na época em que eu era criança, não tinha essas oportunidades. Fico realizada com a felicidade dela em dançar - relata a mãe.
Além do balé, em Faxinal do Soturno, as crianças podem participar de aulas de tarantela, que é uma dança tipicamente italiana. Conforme Marília, hoje, 16 alunas participam do grupo.
O esporte na formação do caráter
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Criado em 2017, o projeto de caratê surgiu para suprir a demanda da ausência de projetos esportivos na Fundação. Conforme o professor Leonardo Mariano da Rocha, responsável pelas aulas, em seu terceiro ano de atividade, os atletas já acumulam diversas premiações regionais e estaduais. Só em 2019 já foram cerca de 10 medalhas.
- A gente percebe uma melhora significativa no aspecto da disciplina das crianças. O caratê ajuda a moldar o caráter social dos alunos. Eles tiveram um crescimento tanto pessoal como esportivamente, já que tivemos um número expressivo de medalhas em competições - destaca o professor.
Fluente em japonês, Leonardo teve a oportunidade de acompanhar a delegação brasileira de caratê como intérprete em curso no Japão, no ano de 2017. Ele explica que, com a experiência, pode aumentar os contatos com os esportistas. Exemplo disso é que, nesta terça-feira, a carateka Saori Okamoto, campeã mundial JKS, estará em Faxinal do Soturno. A atleta participará de um evento no Ginásio Municipal da cidade, a partir das 18h.
A japonesa está em tour pelo Brasil para participar de seminários, e a Quarta Colônia foi escolhida como um dos destinos, por conta do projeto social de caratê realizado pela Fundação Ângelo Bozzetto.
O evento é destinado ao aperfeiçoamento de atletas que já praticam a modalidade. Conforme a organização, são esperadas cerca de 50 inscrições. O valor do ingresso varia de R$ 50 a R$ 150. Mais informações podem ser obtidas pelo whatsapp: (55) 99121-8119.
Quem foi Ângelo Bozzetto
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id: 11601504 (réplica de uma trilhadeira criada por Bozzeto que fica exposta na entrada da Fundação)
As famílias dos imigrantes chegaram à região da Quarta Colônia de Imigração Italiana por volta de 1885. Em suas pequenas colônias, produziam alimentos para consumo doméstico. Ângelo Lion Bozzetto, nascido no Brasil em 1894, era um desses pequenos agricultores descendentes de imigrantes.
Bozzetto percebeu a necessidade de melhorar as condições para que passassem da agricultura de subsistência, para a utilização de mecanismos de produção em escala. Ele decidiu investir na mecanização para dinamizar a principal atividade econômica da região. E, em sociedade com amigos, adquiriu uma espécie de trilhadeira para arroz. Tentando melhorá-la, ele tanto mexe com a precária sucata importada, que descobriu sua vocação para mecânica.
Em 1921, montando uma oficina caseira, ele próprio acaba criando novas peças e transformando a máquina numa trilhadeira, tanto para arroz como para outros cereais. Para atender a demanda, em 1930, Bozzetto, com auxílio de empréstimos, construiu dois grandes pavilhões onde instalou nova fábrica - que, hoje, servem de sede para a Fundação que leva o seu nome. Deu à fábrica o nome de Indústria Brasileira de Máquinas Agrícolas Tigre Ltda.
De pequena indústria, dominou o mercado gaúcho e, do interior do RS, passou a exportar para outros Estados e até países, como Uruguai e Argentina. À medida que aperfeiçoava suas máquinas, Bozzetto também tratava da geração de energia para o crescimento da indústria e a fabricação de peças. No início, os motores a diesel é que moviam a fábrica. Mas o aumento de produção exigia que fossem substituídos. Então, aproveitando os recursos hídricos disponíveis, tratou de construir sua primeira pequena usina geradora de energia elétrica para que tivesse condições de produzir mais a um custo menor e, assim, atender a surpreendente procura pelo mecanismo agrícola que fazia sucesso entre os lavoreiros.
Hoje, a Nova Palma Energia Ltda, criada por ele, oferece energia para vários municípios da região.
Apesar de empresas estrangeiras terem demonstrado interesse em associar-se à sua marca, a Tigre não entrou na lógica dinâmica do mercado e, aos poucos, foi perdendo espaço para sofisticados equipamentos agrícolas importados.